Apenados do semiaberto já contribuíram para recuperação de mais de 200 equipamentos para o Estado

O projeto Transformar oferece qualificação técnica que permite uma mudança de vida para apenados do regime semiaberto e já recuperou mais de 200 equipamentos do Estado que estavam danificados.

A iniciativa viabilizou, para o Governo do Amazonas, uma economia dos gastos com manutenção de mais de R$ 300 mil. Foram consertados equipamentos como condicionadores de ar, bebedouros e freezers. Com essa iniciativa, o meio ambiente também sai ganhando, pois os bens públicos ganham maior vida útil.

O projeto é desenvolvido pela Secretaria de Estado de Administração e Gestão (Sead). Atualmente, 28 participantes estão se qualificando em manutenção e instalação desses equipamentos. O curso de 160 horas é dividido em aulas teóricas e práticas, e se encerra nesta semana. Até o fim do ano, uma nova turma com a mesma quantidade de alunos deve ser iniciada.

Fotos: Gabriel Retondano / Sead

O projeto é realizado em parceria com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e com o Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam). Além de ter o certificado de qualificação, os apenados que concluem o curso preenchem requisito para concorrer ao Reintegrar Banco do Povo, um programa da Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam).

O apenado Luiz* é um dos alunos do curso. “Esse é um projeto que todos nós estamos abraçando com dedicação, e estamos nos empenhando em aprender para podermos trabalhar de uma maneira formal. Na minha vida, vai somar com o que eu já venho fazendo, porque eu trabalho na área do comércio. E essa experiência vai aumentar minha expectativa do futuro”, declarou.

E as características do clima de Manaus fazem profissionais com essa capacitação serem bastante necessários no mercado de trabalho. “No nosso estado se depende muito de refrigeração, porque aqui é muito quente. A indústria precisa demais desse tipo de homens qualificados. Hoje são homens diferentes, têm um boa disciplina, um bom comportamento e nós temos tudo para colocar de volta esses homens no mercado”, disse o professor do curso pelo Cetam, José Orlando Freire.

Ganhos econômicos e para o meio ambiente – O Estado ganha quando seus bens são recuperados e devolvidos ao uso, evitando novas compras e gerando economia, avalia a titular da Sead, Inês Carolina Simonetti.

“No campo do meio ambiente, prolongamos o tempo de vida útil dos bens, deixando de descartá-los. No campo social, ofertamos uma oportunidade de vida a quem está saindo de uma vida desordenada. O apenado aprende uma profissão e, com ela, pode ganhar o seu sustento e de sua família. Acredito que estamos contribuindo, também, com a redução da reincidência criminal”, disse a secretária.

O projeto está formulado dentro do conceito do Triple Bottom Line, ou tripé da sustentabilidade, explicou o coordenador de Patrimônio, Sander José Couto. “O tripé envolve economia, meio ambiente e responsabilidade social. Não foi por acaso que o projeto foi referenciado como boa prática pela Agenda Ambiental da Administração Pública, projeto do Ministério do Meio Ambiente, em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU)”, disse Sander.

O Transformar está concorrendo ao prêmio Innovare, uma distinção que busca reconhecer, divulgar e difundir práticas que contribuam para o aprimoramento da Justiça no Brasil. Consultores visitam cada uma das práticas selecionadas, recolhendo informações sobre os trabalhos. Essa etapa comprova a existência das práticas inscritas, sua eficácia e a forma como funcionam. Outros 13 projetos do Amazonas também concorrem.

Após visitar a prática, o consultor prepara um relatório completo com as informações que coletou. O material é anexado ao formulário preenchido pelos autores e entregue à Comissão Julgadora.

* Nome fictício