COMO USAR A CRIATIVIDADE PARA RESOLVER PROBLEMAS

Você já encontrou algum desafio na sua empresa que não conseguiu resolver porque os métodos tradicionais não funcionavam? Continue lendo o artigo e aprenda técnicas que irão potencializar sua criatividade para desenvolver soluções inovadoras.

Quando um problema surge, muitas pessoas tentam resolvê-lo linearmente, saindo do ponto A para o ponto B. Porém, exatamente por ser um problema, esse caminho nem sempre é possível. Aí que entra o papel da criatividade.

Seja nas ciências, literatura, música ou qualquer outro aspecto da sua vida cotidiana, criatividade é um grande mistério. Ainda que essa habilidade tenha sido estudada durante séculos, ainda não se sabe exatamente como funciona de pessoa para pessoa.

O que se sabe é que criatividade é um processo de pensamento. E, como tal, pode ser treinada e aperfeiçoada, ao contrário do que muitos acreditam.

No mundo dos negócios, criatividade é o único elemento que realmente distingue a pessoa boa da excepcional. É o que separa o funcionário que realiza bem suas tarefas, daquele proativo que sempre pensa em algo que os demais não pensaram. Ter profissionais criativos é essencial para a sustentabilidade das empresas.

Entretanto, muitas empresas – especialmente no Brasil – não se preocupam em capacitar bem seus colaboradores para que sejam mais criativos. O resultado é uma terrível falta de inovações e, eventualmente, a decadência do negócio. A título de comparação, estamos em 47 em um ranking de inovações entre 50 países.

Em alguns anos, empresas que não forem capazes de resolver seus problemas de forma criativa simplesmente não conseguirão inovar e, consequentemente, serão engolidas pelos competidores. A criatividade é fundamental para se compreender a complexidade do mundo atual e gerar soluções práticas e autênticas.

 

 

O que é a solução criativa de problemas

A solução criativa de problemas é o processo mental da busca por uma solução original e desconhecida para um problema, de forma inovadora e independente. O objetivo é amplificar a criatividade que está latente dentro da pessoa para que ela possa desenvolver pensamentos não convencionais.

O processo começa com a definição exata do problema. Essa, em geral, é a grande dificuldade. Muitas pessoas acabam encontrando problemas para soluções que já existem e não o contrário. É imprescindível saber detectar o problema de forma clara.

Problemas simples podem ter soluções simples e não-criativas. Um exemplo: seu computador está travado. Uma solução possível é reiniciá-lo, o que, na maioria das vezes, acabará com o inconveniente.

Já problemas complexos muitas vezes exigem soluções arrojadas ou inovadoras. Para resolvê-los, é necessário o uso da criatividade. Uma solução criativa geralmente terá características distintas, que incluem o uso de componentes existentes no problema. Um exemplo exagerado é a série de TV MacGyver, onde o protagonista improvisa objetos comuns do dia-a-dia para escapar de desastres e derrotar seus inimigos.

Após detectado o problema e achada uma solução, o passo final é implementá-la. Aqui deve-se criar um plano de ação, identificando o que será feito, por quem, quando, onde e como. Esse plano deve ser apresentado e explicado a todas as pessoas envolvidas, bem como as que serão afetadas pelas mudanças.

Como usar a criatividade para obter soluções inovadoras

1 – Pare de criar ideias e avaliá-las ao mesmo tempo

Um grande equívoco de quem está procurando explorar sua criatividade é tentar corrigir suas ideias enquanto se está pensando. Ao se escrever um texto, por exemplo, o instinto do escritor é de corrigir a ortografia a cada frase ou parágrafo.

Entretanto, o momento inicial de pensamento é sempre fundamental para se produzir o máximo de ideias possível. O princípio da solução criativa de problemas passa por separar seus pensamentos em criativos e críticos.

O pensamento criativo é quando se produz. Nele, não podemos ter julgamento do que é produzido, devemos sempre buscar quantidade e procurar fazer novas conexões mentais.

Já o crítico é a fase onde não se deve ter ideias. Foque no que já foi produzido, veja como isso pode atender seus objetivos e aplique um julgamento afirmativo das ideias.

A ideia básica aqui é divergir antes para depois convergir.

2 – Tire intervalos

Atualmente, existe uma geração de trabalhadores que busca desenfreadamente fazer mais em menos tempo, sem se preocupar com o repouso. Entretanto, é IMPOSSÍVEL exercer 100% da sua criatividade sem tirar intervalos. Seu corpo pode até aguentar a exaustão física, mas seu cérebro não funciona da mesma forma.

O livro “The Power of Full Engagement” mostra que, enquanto muitos acreditam que deveriam gerenciar melhor seu tempo, eles precisam, na verdade, gerenciar sua energia para obter alta performance. Gerenciar a energia significa ter picos de produção e depois descansar de forma efetiva e eficiente.

Você pode ouvir gratuitamente o audiobook através da Audible, clicando aqui.

Com esse conceito em mente, o sociólogo italiano Domenico De Mais desenvolveu a noção do “ócio criativo, que nada mais é do que a capacidade de se produzir insights enquanto se está ocioso.

Não é para ser confundido com preguiça. O ócio criativo não se trata de ficar à toa, mas de deixar seu cérebro pensar inconscientemente naquilo que você acabou de pesquisar. Assim, ideias surgirão de forma espontânea enquanto você está repousando.

Tomar decisões precipitadas em cima de ideias recém-criadas é a receita certa para o fracasso do negócio. Soluções criativas precisam ser pensadas, sedimentadas para só depois verificadas.

3 – Frustração e dificuldade

Em 1975, o pianista americano Keith Jarrett foi convidado por uma garota alemã de 17 anos para fazer um concerto em Colônia, na Alemanha. Mas o piano dado ao músico estava imprestável, o que o deixou nervoso e fez desistir da performance.

Ele já estava de saída quando a jovem, chorando, insistiu para que ficasse. Comovido, resolveu improvisar a apresentação. O Concerto de Colônia é até hoje o álbum mais vendido da história do gênero, com mais de 3,5 milhões de vendas.

A razão de o pianista ter tocado tão bem é que o piano estava tão debilitado que foi necessário se esforçar ao máximo para compensar o fato.

Muitos acham que a abundância de recursos é a solução para seus problemas, mas a realidade é que é a fome que faz as pessoas caçarem a comida. Dificuldades geram oportunidades e inovações.

Veja um estudo realizado pelo psicólogo Daniel Oppenheimer, por exemplo. Durante um tempo ele pediu que professores do Ensino Médio dessem as mesmas apostilas para seus alunos, porém metade delas com uma fonte boa e a outra metade com uma fonte que dificultava a leitura, como o comic sans.

Os alunos que receberam o material com uma fonte pior tiveram um desempenho melhor do que os demais, já que eles demoravam mais para ler e acabavam prestando mais atenção no material.

Enquanto pessoas medíocres se lamentam quando erram ou quando surge algum obstáculo, pessoas criativas fazem os erros trabalharem a seu favor. Enxergue a frustração como uma oportunidade para a criação de ideias nunca antes vistas. Abrace a dificuldade e se esforce para superá-la.

4 – Aleatoriedade e zona de conforto

A psicóloga Shelley Carson testou seus alunos na Universidade de Harvard para verificar a qualidade dos seus filtros de atenção. Um bom filtro de atenção basicamente é sua capacidade de filtrar intervenções externas e focar naquilo que se está fazendo. Um exemplo: jantar em um restaurante barulhento e conseguir manter a conversa com a pessoa que está ao seu lado.

Mas alguns dos seus alunos tinham uma grande dificuldade com isso. Se distraíam muito facilmente e constantemente eram interrompidos com as visões e sons do mundo ao redor. O que Carson descobriu é que isso não é uma desvantagem, pelo contrário.

Aqueles com filtros mais baixos conseguiram um desempenho de longo prazo maior do que os demais. As distrações eram um desafio para a criatividade dos alunos e os faziam pensar fora da caixa, afinal, a caixa estava cheia de buracos.

A solução dos seus problemas se torna mais robusta quando se inclui elementos aleatórios. Não se pode desenvolver a criatividade dentro de uma zona de conforto, já que ideias novas nunca surgirão daí. A novidade de pensamentos vem atrelada à novidade de locais e experiências.

Pense em um trabalho de grupo na faculdade, por exemplo. Em qual dessas situações você esperaria que surgissem mais ideias originais: em um grupo onde só tem amigos que conversam todos os dias sobre os mesmos assuntos, ou no grupo onde pelo menos um membro não conhece os demais e traz novos pontos de vista.

Um exercício simples para adicionar aleatoriedade: enquanto se está com algum problema, pegue um livro qualquer, abra em uma página aleatória e escolha algum substantivo aleatório. Experimente usar essa palavra na resolução do seu problema, pense em soluções que a contenham.

5 – O efeito constrangedor

Quando foi a última vez que você se sentiu muito envergonhado, constrangido? Algo muito comum quando alguém se vê em situações assim é o choque da realidade. Pensamentos dispersos imediatamente viram foco incondicional. Não há nível maior de se sair da zona de conforto do que se constranger.

Um belo exercício para se praticar com equipes no seu trabalho são as “estratégias oblíquas”. Crie uma lista com uma série de instruções inusitadas, como tomar uma atitude disruptiva e imprevisível qualquer, trocar o sapato com alguma outra pessoa ou definir qual sua característica mais vergonhosa e amplificá-la.

Quanto mais constrangedoras, melhor.

Escolha aleatoriamente uma dessas instruções a cada um ou dos dias e confira os resultados. Os ganhos de performance serão nítidos, embora logicamente a equipe detestará praticar coisas assim.

6 – Pensamento lateral

Por que algumas pessoas são um poço de ideias criativas, enquanto outras de igual inteligência nunca conseguem pensar em ideias novas?

Colaboração é sempre uma alternativa para se chegar a resultados melhores do que quando se pensa individualmente. Entretanto, grupos podem facilmente dispersar a atenção dos participantes, assim como alguns podem se sentir desconfortáveis por não estarem produzindo tanto quanto outros.

pensamento lateral é a habilidade de fazer o grupo pensar de modo comum em determinada situação e depois mudar de direção quantas vezes forem necessárias sem que o foco se perca. Se você é capaz de fazer o grupo pensar de forma coletiva, a capacidade de pensamento do grupo é amplificada.

Algumas estratégias que podem ser adotadas são: o questionamento de tudo que é tido como certeza, a proibição de julgamentos na fase de pensamento criativo, o brainstorming, analogias e simulações de problemas reais.

Quer um exemplo real? Encontrei a lixeira da foto acima quando visitei o escritório da TOTVS. Se você não tem dúvidas, certamente não está entendendo nada do que está acontecendo.

 

Este texto foi retirado do Portal Linked In. Clique Aqui  para acessar o conteúdo original.